sábado, 10 de dezembro de 2011

ECLETICISMO OU ECLETISMO

Descrição de acordo com o Babylon:
e.cle.tis.mo  sm (gr eklektismós) 1. Método filosófico ou científico que reúne diversas teses conciliáveis entre si, compendiadas de sistemas distintos, prescindindo do que eles têm de incompatíveis. 2. Escola filosófica representada pelo francês Vítor Cousin, segundo a qual há em todo homem um ''sentido da verdade'', que lhe permite descobrir um fragmento ou aspecto da verdade total. 3. Hábito ou liberdade de escolher o que se julga melhor, na política, nas artes etc. Var: ecleticismo.

De acordo com o Wikipédia, Ecletismo ou Ecleticismo é um método científico ou filosófico que busca a conciliação de teorias distintas. Na política e nas artes, ecletismo pode ser simplesmente a liberdade de escolha sobre aquilo que se julga melhor, sem a apegação a uma determinada marca, estilo ou preconceito.
Pode ser considerada também uma reunião de elementos doutrinários de origens diversas que não chegam a se articular em uma unidade sistemática consistente.
Abordagem filosófica que consiste na apropriação das melhores teses ou elementos dos diversos sistemas quando são conciliáveis, em vez de edificar um sistema novo.
ARTES PLÁSTICAS
O Ecletismo é uma tipologia da arquitetura desenvolvida durante a segunda metade do século XIX. Em termos internacionais assiste-se atualmente a uma certa separação entre o Romantismo e o Ecletismo. Este, apesar de ser historicista, já não é uma verdadeira viagem para o passado, tentando copiar ou interpretar modelos históricos, mas uma tentativa de ultrapassar a estagnação sentida pelos arquitetos em relação aos revivalismos. É a arquitetura ensinada nas escolas de belas artes, recebendo em certos países a denominação “beaux-arts”, de certo modo perdida na convicção de que o estilo é mais importante que a técnica. O resultado foi uma tentativa de inovar modelos definidos anteriormente através da mistura de vários estilos. Os arquitetos, dispersos em noções de arte e artista ultrapassadas, mas agarradas a concepções vindas do Renascimento, executavam historicismos, esforçando-se por inovar recorrendo à decoração e relegando a questão técnica para os engenheiros. Estes, preocupando-se essencialmente em superar os desafios técnicos impostos pelas necessidades surgidas com a industrialização, dão origem ao capítulo mais original da arquitetura do século XIX – a chamada arquitetura do ferro. Na época era vista como técnica pura aplicada a obras de engenharia. Assim, na tentativa de agradar ao gosto comum, executavam obras em ferro respeitando os historicismos e, frequentemente, encaixados em construções ecléticas como as estações de caminho-de-ferro, revelando uma adaptabilidade completamente nova na história da arquitetura. Quando se fala de Ecletismo é ainda fundamental fazer referência ao fato de se ter assumido como um estilo típico das grandes fortunas burguesas. O século XIX marca, finalmente, o triunfo da burguesia sobre a nobreza, devido às grandes fortunas surgidas ao longo do século e, frequentemente, como consequência do seu espírito empreendedor na indústria, banco e comércio. O Ecletismo torna-se o estilo artístico preferido desta burguesia triunfante, ostentando a prosperidade económica na arquitectura. A utilização de um luxo desmedido, recorrendo à escultura, pintura e artes decorativas até à exaustão, levou a que frequentemente fosse designada como “Arquitetura Bolo de Noiva” e elegendo o Palácio Garnier da Ópera Nacional de Paris como a sua realização máxima.
 Ópera Garnier - Paris (interior)

Ópera Garnier - Paris


ECLETICISMO NO RIO DE JANEIRO

Em fins do século XIX e início do  XX observamos um período de avanços técnico-cientificos que, no Brasil, vieram de encontro à instauração de um novo regime político que precisava concretizar a imagem de um governo forte, estável e moderno; para isto a reorganização do espaço urbano teria grande utilidade. Foi neste contexto que, na arquitetura, o Ecletismo, um movimento estético, surgido na primeira metade do século XIX na França, que emprega vários estilos de construção em um mesmo prédio, atingiu seu apogeu no Brasil.
O ecletismo funcionou como forma de justificação da republica, isto por possibilitar uma arquitetura mais atualizada, tecnicamente elaborada e com mão-de-obra especializada, neste sentido preenchia os ideais positivistas de cientificidade e avanços tecnológicos.
No campo do imaginário assemelhava o Rio de Janeiro à Paris, que também tinha sofrido com problemas urbanísticos e populacionais, que foram solucionados através de poderes ditatoriais do prefeito Hausmman, boa parte da cidade foi demolida para depois ser reconstruída em estilo eclético, isto na metade do século XIX. Além de contribuir significativamente para a sistematização do ensino da disciplina no país, isto porque exigia de seus arquitetos conhecimento sobre as mais variadas formas de construção.

No site http://www.coseac.uff.br/cidades/camposturismo.htm podemos ver o seguinte texto sobre a nossa cidade:
"Campos é considerada a segunda cidade do Brasil em arquitetura eclética, tendo a frente o Rio de Janeiro, mas possui a vantagem de possuir um conjunto compacto. Além do eclético outros estilos marcam a arquitetura campista, principalmente o neoclássico e o art-noveau. Também se destaca a arquitetura religiosa, rica em exemplares que vão do barroco ao moderno.

Então, juntando tudo isso, onde termina o pastiche e começa o ecletismo, ou vice versa? Alguém pode me ajudar?

O PARADIGMA DO PASTICHE

No último dia letivo na faculdade eu fazia a apresentação de um trabalho o qual valia a minha alforria às férias quando fui atropelado durante a apresentação com o oportuno comentário da professora: -“Mas isto é pastiche!”. Eu não sabia se ria ou chorava, pois eu não tinha a menor ideia do que ela falava. Ainda bem que a curiosidade também nos move e um colega perguntou: -“O que é isso?”
Resumindo o que entendi, a professora quis dizer que era uma ofensa visual ao estilo da arquitetura local ou até excesso de estilos para um mesmo local. Eu percebi que os meus colegas até gostaram do projetinho apresentado mas a professora não ficou nada satisfeita. E eu muito menos, pois não sabia, como ainda não sei, se ela estava sendo conservadora, crítica ou limitada ao paradigma do Pastiche.
Como eu tenho o grave defeito de não absorver muito bem as críticas, repliquei com veemência  explicando que as soluções adotadas pelos arquitetos são parecidas, variando muito pouco, para este tipo de desafio o qual nos foi dado. Mesmo assim, se valendo de sua enorme experiência no ramo, ouvi a mestra dizer que estes arquitetos imprimem nestas soluções o que há de mais moderno com soluções arrojadas mostrando uma tendência natural. Só que no meu cérebro as palavras que ecoaram são outras: “A sua criatividade está limitada a paradigmas e tendências modernas. Não faça diferente.”
Sei que posso estar exagerando ou me transformando num rebelde, remando contra a maré ou o que valha, mas mesmo assim prefiro continuar pensando com o que há entre as minhas orelhas.
Não muito feliz, continuei a minha apresentação com a participação de mais três colegas que faziam parte do grupo de trabalho. Neste grupo coube a mim projetar a solução enquanto eles fizeram a pesquisa e montaram o resto. Continuei infeliz mesmo depois da apresentação, pois eu não quis torturar a professora com a avalanche de perguntas e argumentos que me vinham à cabeça.
Outra coisa que me causou indignação foi saber neste mesmo dia, assim como toda a turma, a nota do primeiro bimestre. Ou seja, no último dia de aula com uma apresentação que vale ponto, soubemos se ficamos para recuperação ou não, se faremos prova final ou não, se estamos ferrados ou não. Continuo indignado, pois ainda não sei, e mesmo que passe direto continuarei indignado, pois considero falta de respeito com os alunos.
Por fim procurei o termo Pastiche nos dicionários e na internet. Achei coisas interessantes a respeito e deixo aqui “coladas” em resumo para compartilhar com vocês:
Etimologicamente derivado da palavra italiana pasticcio (massa ou amálgama de elementos compostos), pastiche era aplicado pejorativamente, no campo da pintura, a quadros forjados com tal perícia imitativa que procuravam ser confundidos com os originais. O conceito viajou para França e pasticcio converteu-se no galicismo pastiche, no século XVIII.
Deliberadamente cultivado por inúmeros autores, o pastiche afirma-se como a escrita “à maneira de”. Faz uso de processos como a adaptação (modificação de material artístico de género para género e de uma forma para outra distinta), a apropriação (o empréstimo deliberado), a bricolagem (a criação a partir de fontes e modelos heterogéneos) e a montagem.
O pastiche reveste-se de um caráter ambivalente, ao aproximar-se da paródia e da sátira, realizando-se num misto de homenagem. Consubstancia-se frequentemente num exercício capaz de estimular a atividade imaginativa, numa prática lúdica e formadora.
Babylon - Pastiche é uma criação, baseada numa outra obra já existente, que serve de base para um resultado original em que nada se assemelha ao plágio. É uma copia grosseira de uma obra literária ou artística.
Infopédia - imitação ou decalque de uma obra literária ou artística, frequentemente com objetivos satíricos ou humorísticos.
Wikipédia - Pastiche é definido como obra literária ou artística em que se imita grosseiramente o estilo de outros escritores, pintores, músicos, etc.
O pastiche pode ser plágio, por isso tem sentido pejorativo, ou é uma recorrência a um gênero. Modernamente, o pastiche pode ser visto como uma espécie de colagem ou montagem, tornando-se uma paródia em série ou colcha de retalhos de vários textos. Nem sempre é grosseiro, como demonstra o romance Em Liberdade, de Silviano Santiago, que é pastiche do estilo de Graciliano Ramos
Minidicionário de Dermival Ribeiro – Pintura em que se imita, geralmente mal, a maneira de outro pintor; Obra literária em que se procura imitar escritor célebre; Qualquer obra literária ou artística resultante de várias fontes; Mistura, mixórdia.
Minidicionário Soares Amora – Obra grosseiramente imitada de outra; espetáculo montado com fragmentos de diversas obras.
As descrições acima não deixam dúvidas sobre as “diversas” aplicações do termo que foi muito bem esclarecido pela Mestra em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade, da UFSC, Fatima Regina Althoff, em um trabalho apresentado no primeiro Seminário Internacional História do Tempo Presente em Florianópolis, neste ano de 2011. O título de seu trabalho é “Renovação, reconstrução e pastiche – a ânsia de reproduzir a arquitetura do passado no presente”. Da página 7 em diante ficou claro para mim que o que fiz foi apenas uma caracterização alusiva, nem mais, nem menos. Daí a ser pastiche, teria que me esforçar mais.
De qualquer forma, pensando e analisando calmamente sobre a proposta que eu e meus colegas apresentamos, concordo que chamaria bastante atenção e até faria certo sucesso junto à população que apenas vê os prédios. Para quem vê arquitetura, haveria mais críticas que elogios. Mas a polêmica é válida para instigar reavaliação de conceitos.
A solução de criar um anexo ao lado de um prédio histórico e propor utilização para este pequeno complexo coube ao grupo esta tarefa. No entanto, várias regras não foram totalmente esclarecidas assim como a orientação foi pobre para o desenvolvimento desta empreitada. Mais uma vez, falha o programa de ensino.